quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Em Puerto Iguazu - Argentina.

Já estou entre os hermanos. E fui muito bem recebido, desde a aduana.
O passeio hoje foi prá lá de divertido!
Saí do hotel, em Londrina, às 07:10h., em direção a Cascavel. Às 05,30 da matina, apreciando o nascer do sol da janela no hotel, resolví trocar a jaqueta de verão pela de couro, porque a manhã seria agradavelmente fresca.
A distância a ser percorrida até Cascavel seria de 363km. Depois de mais ou menos uma meia hora de viagem adentrei uma neblina que ficou persistente por mais de 100km., sem nenhuma interrupção. Às vezes era tão densa que eu não tinha condições de andar a mais de 50 ou 60km./p/h., pois a visibilidade era de 20 ou trinta metros, se tanto. A bolha acumulava umidade e escorria, como se chuva fosse. As minhas calças jeans ficaram úmidas (será que umidade ainda começa com h? No meu tempo começava). Eu me achava o mais esperto dos mortais por ter trocado a jaqueta, pois a temperatura do ar caiu bastante. Mesmo assim estava tudo numa boa. Desde Londrina a estrada é toda em declive. Ótimo para economia de combustível.
Liguei o pisca-alerta e mandei ver. A estrada era dupla e não havia maior preocupação nas ultrapassagens. Mas como tudo que é muito bom dura pouco, depois de alguns kilômetros passou a ser de mão dupla. A uns 20km. após Maringá, eis que ressurgem os infelizes quebra-molas. De cara foram logo uns quatro. E a neblina alí. As ultrapassagens eram feitas com muito cuidado. Mas como as nossas velhas senhoras, como diz o Jajá, tem torque de sobra, tudo era feito com muita segurança. Até que cheguei a três carretas, cujos motoristas não deviam ser estradeiros, que seguiam que nem elefantes. Um segurando o rabo do outro. E aí? O que fazer? Depois de algum tempo rodando a 60km./p/h. comecei a desejar ardentemente o aparecimento de um bendito quebra-molas, pois só assim teria condições de ultrapassar em segurança os três ao mesmo tempo. E não deu outra. Apareceu o quebra-molas, aliás foram dois, o que me permitiu seguir o passeio com maior tranquilidade. A estrada, embora de mão dupla, é muito boa e tem curvas maravilhosas. Daquelas que você inclina a moto, abre o gás e sai convencido de que é aquele italianinho campeão de moto-velocidade, cujo nome não me lembro agora.
Embora não tenha sido intencionalmente, conseguí finalmente realizar um desejo que mantinha reprimido há anos. Dei um baita téco num daqueles pirulitos que usam para sinalizar obras nas estradas. Em um determinado momento me deparei com uma daquelas imensas filas, andando vagarosamente para passar um trecho de obras. Daquelas que enquanto um lado segue, o outro espera a sua vez. Como o recapeamento estava sendo feito no sentido em que eu seguia, colocaram os pirulitos na metade do outro lado. Assim os caminhões e automóveis seguiam com as rodas do lado direito sobre a pista e as do lado esquerdo sobre o acostamento da contra-mão. Como a fila era grande eu vinha tranquilamente cortando todos pelo lado direito, pois havia espaço suficiente entre o lado dos carros e caminhões e os pirulitos. Mais eis que, em uma curva para a esquerda, um gaiato qualquer resolveu colocar um pirulito mais próximo do trajeto dos caminhões. Quando me dei conta já estava em cima do dito cujo. Apelei para uma bela queda-de-asa para a direita, mas não foi o suficiente. Rocei com o mata-cachorros e batí em cheio com a minha bota esquerda. Automaticamente olhei para o retrovisor e ví que não era um, mas sim dois pirulitos que saltavam pela pista na frente do caminhão que vinha a uns trinta metros atrás. Como não havia nada a fazer, abrí o gás e me mandei. Devo ter sido xingado à bessa. Mas digam com sinceridade. Quantos de vocês não mantém reprimida a mesmo vontade?
Ás 12:30h. passei ao largo de Cascavel. Reabastecí a moto e resolví seguir até aquí pois o dia estava lindo. Céu azul e a temperatura estava começando a se elevar. Seriam somente mais 149km.  Conversei com o gerente do posto, que me deu umas dicas de como proceder em Foz do Iguaçu para encontrar logo o caminho para a Argentina. Tudo beleza, só que ao chegar ao posto da fronteira, do lado brasileiro, a fila de automóveis era imensa. Eu, que me julguei tão esperto pela manhã, tive que aguentar mais de meia hora para conseguir sair do Brasil. O termômetro que tenho na moto marcava 40 graus centígrados cravados. E eu de capacete e jaqueta de couro. Na aduana do lado argentino foi tudo rápido. Apresentei o passaporte, ganhei o carimbo. Conferiram o documento da moto e em seguida fui até três fiscais que estavam fazendo as devidas inspeções. O que aparentava ser o mais velho olhou para mim e perguntou se eu tinha seguro e se estava tudo em ordem.
Aí eu respondí: sí, sí, sí. E ele me mandou passar. Já me considero um poliglota.
Fiz o câmbio trocando trezentos dólares americanos por pesos argentinos. Então descobrí o porquê da extensa fila para atravessar a fronteira. A cotação do dolar estava a US1.00 por 3,64 pesos argentinos (Não sei qual é o símbolo indicativo do peso).
A seguir algumas coisas importantes que esquecí de mencionar nas postagens anteriores:
É preciso muita atenção com o abastecimento, desde Ribeirão Preto, porque são raros os postos, chegando a ter 50km. entre eles. Eu passei, por duas vezes, um grande sufoco. Mas descobri que em sexta marcha, em estrada plana, andando a 100km./p/h. você consegue diminuir significativamento o consumo, fazendo aumentar a quantidade de kilômetros expressa como reserva.
A segunda coisa que tinha a dizer esquecí. Direi futuramente.
Logo após atravessar a fronteira fiz o câmbio, tomei mais um gatorade, e adquirí um mapa rodoviário da toda a Argentina. Tudo por 36 pesos. A propósito, gostaria de saber o porquê  do diâmetro do gargalo do gatorade aquí na Argentina ter o dôbro do diâmetro do gatorade aí no Brasil.
Quero aproveitar também para agradecer as gentís e amáveis palavras dos meus queridos amigos e companheiros dos passeios aí no nosso Espírito Santo. Seria muito bom que estivéssemos juntos neste passeio.
Enquanto escrevia sorvi o conteúdo de três saborosas Quilmes. Agora vou abrir o mapa rodoviário da Argentina e estudar o roteiro que pretendo seguir amanhã.
Até mais.

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