Em San Luis - AR

Mais um maravilhoso dia. Só conseguí sair do hotel lá pelas 9h. porque o desjejum só é servido a partir das 07:30hs. Como eu havia dito, Córdoba é bem traçada e fácil de andar. Mas hoje descobrí que é dificil de sair. Não é como as nossas cidades maiores que tem um sentido principal para cada lado e aos poucos vão surgindo as saídas. Lá tudo sai do centro. É placa indicando rutas para todos os lados. Rutas que dependem de outras rutas e assim por diante. Depois de rodar uns 20 minutos, com trânsito intenso, resolví utilizar o meu velho método. Pedí a um motorista de táxi que me levasse até a saída para San Luis e Mendoza. Demos uma meia dúzia de voltas e pronto, tudo resolvido. Paguei 7 pesos a ele, que ficou muito agradecido e fez questão de dizer que conhecia Porto-Alegre porque tinha parentes por lá.
O passeio hoje também foi ótimo. Rodei 418km. até aquí. Cheguei às 16:35h. ao hotel. Afirmo, com absoluta certeza, que no dia de hoje andei nos melhores e piores trechos de estrada desde que entrei na Argentina. Atravessei um serra  completamente árida, mas com uma estrada maravilhosa. Não ví nenhuma indicação, mas conversando posteriormente com algumas pessoas, em uma parada para tomar mais um gatorade, me afirmaram que a estrada vai até 2.600 metros de altitude. Sentí frio, o termômetro da moto chegou a marcar 14 graus centígrados. Parei para rapidamente para colocar um agasalho, que já estava estratégicamente colocado em uma das bolsas. Muitas curvas, algumas tão fechadas que tinha que fazê-las em terceira marcha. Vocês verão as fotos. Só se via rochas. Daquelas rochas amareladas e opacas. O contraste entre elas e o leito da estrada provocava um lindo efeito visual. Durante a subida, em uma das curvas bem fechadas, me deparei com óleo na pista e pela segunda vez na vida derrapei com a roda dianteira. Na primeira vez eu era bem novo, quase um menino, pilotando uma Norton, ao descer da Mata da Tijuca pela estrada do Alto da Boa Vista, caí em uma curva fechada, também por causa de óleo. Desta vez acho que não fui ao chão porque a curva era em subida acentuada e principalmente porque o Papai do Céu me ajudou. Mas executei uns belos passos de tango em cima da moto. Quando a serra acabou e voltamos à planície, ainda com curvas e passando por diversas pequenas localidades a temperatura voltou a elevar-se.
Na parada citada anteriormente aproveitei para guardar o agasalho. Daí para frente começaram as retas. O contador da reserva de combustível, após um reabastecimento, marcou 368km. Não sei qual o motivo mas a verdade é que tenho rodado bem mais quilômetros entre os reabastecimentos. Para não passar sufoco passei a reabastecer a cada vez que a reserva chega em 100km. Por isso, hoje escapei de uma pane seca.
A estrada boa, pouquíssimo movimento mesmo em sentido contrário, duas pistas, tudo favorável para baixar a bota. Ao meio-dia o termômetro registrava 38 graus centígrados. Mandei ver e saí do sério passando a andar a 140km. como velocidade de cruzeiro. É uma reta só. Mas derrepente, sem qualquer aviso a pista ia acabar não sei a quantos metros à frente. Na velocidade que eu estava não dava para calcular. Dalí para a frente, por uns três quilômetros mais ou menos o leito parecia ser de brita zero. Como diria o mineirinho "carquei o pé no freio e apertei o de mão" para conseguir reduzir a velocidade fazendo com que a moto entrasse no novo trecho em segurança. Conseguí reduzir para 40km. e deu tudo certo. Logo após esse trecho apareceu outro, que parecia ter sido de asfalto anteriormente, mas que atualmente era mais de buracos. E eu andando a 40km. e procurando desviar dos buracos. Mas eram tantos que não dava. Com isso, os carros e ônibus que eu vinha desde mais cedo ultrapassando começaram a ir à forra. Me ultrapassavam e levantavem nuvens de poeira para mim. Foi assim até a entrada do Departamiento de San Luíz. Como diria o gaúcho argentino sôbre esse trecho: "a carreteira estava una mierda". Daí para a frente retas infindáveis até perto da cidade de San Luis.
Tenho rodado pelas cidade visitadas, às vezes até andando um pouco a pé para ver as pessoas mais de perto e observar, na medida do possível, os seus hábitos e costumes. É divertido. Mas convenhamos, o meu negócio é estrada. A sensação de liberdade ao percorrer as estradas montado um uma HD é maravilhosa e creio, insubstituível. Não conferí a quilometragem hoje, mas acho que já rodei mais de 6.500km. E não estou nem um pouco cansado. Desde que saí de Vitória não tomei sequer um comprimido por causa da dor na coluna vertebral. Mérito para a mala Kuryakyn. A cada noite deito a cabeça no travesseiro e durmo bem, reconstituindo as energias para o próximo dia. Como disse o Alberto, esta viagem está me fazendo muito bem.
Lí as respostas sobre a rotunda e me divertí com a do Léo. A do Mario foi com conhecimento de causa. Mas pessoal, não vale consultar dicionário, senão não tem graça. A pegadinha de hoje é a seguinte: o que significa - LA COBIERTA -.
O meu afilhado, João, me prestou um grande serviço encontrando o registro de nascimento do meu paí. Não sei se encontrarei alguém da família lá por Sta. Vitória do Palmar.
Neste instante recebí no celular os votos de natal transmitidos pelo Gabriel. Estou em um hotel cuja construção é de tijolos aparentes. Quanto aos locais em Córdoba citados por ele, alguns eu ví.
Bem minha gente, por hoje é só. Vou postar mais fotos. Amanhã pretendo seguir para Mendoza e aproveitar para saborear alguns vinhos produzidos por lá.
Até mais.